terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

INTERNACIONAL

Obama e Hillary trocam farpasA uma semana das primárias de Ohio e do Texas, que segundo analistas podem decidir a indicação do candidato democrata à Presidência dos EUA, os candidatos Hilary Clinton e Barack Obama voltaram a trocar farpas pela imprensa. Acusado no domingo de divulgar " informações falsas, desacreditadas e enganosas" sobre a proposta da ex-primeira -dama para a Saúde, Obama fez, nesta segunda-feira, duras críticas ao Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), que entrou em vigor em 1994, quando os EUA eram governados por Bill Clinton, marido de Hillary. O senador também aproveitou para alfinetar a adversária por ter mudado de posição a respeito do tratado.Em um livro de memórias, Hillary diz que o Nafta foi um sucesso. Durante a campanha, porém, falou em revê-lo e acusou Obama de se queixar sem ter soluções a oferecer. O candidato diz que sempre foi contra o Nafta e que os trabalhadores dos EUA não são os únicos a sofrerem com seus efeitos, já que no México tampouco houve melhora nos salários e benefícios. Mas Obama faz questão de frisar que, apesar das críticas frequentes a acordos multilaterais, não é contra o livre-comércio."Minha posição consistente [é de que] acredito no comércio. Só quero garantir que as regras de trânsito se apliquem a todos, sejam justas e reflitam os interesses dos trabalhadores, e não só dos lucros das empresas", disse ele após visitar operários numa fábrica de Ohio.Esse é um dos principais temas da campanha de Obama em Ohio e no Texas, onde os tratados comerciais são especialmente impopulares por acarretarem a perda de empregos industriais. A estratégia, ao que parece, vem rendendo frutos ao senador por Illinois. Ele ganhou terreno na região, segundo uma pesquisa da Universidade Quinnipiac divulgada nesta segunda-feira.A uma semana da votação, Hillary ainda lidera a corrida em Ohio, com 51% das intenções de voto, mas Obama cresceu e já conta com 40% da preferência do eleitorado. Há menos de duas semanas, a ex-primeira-dama vencia por 55% contra 34%, segundo pesquisa do mesmo instituto.A notícia é muito ruim para a senadora por Nova York, que vem de uma seqüência de 11 derrotas para Obama. A senadora precisa de vitórias folgadas no dia 4 de março para salvar sua campanha.Numa tentativa de recuperar o prestígio perdido com os eleitores, a pré-candidata democrata voltou a criticar seu rival, acusa-o de inexperiência no exterior. Segundo Hillary, Obama seria "uma escolha arriscada para comandar a política externa dos EUA".Em um discurso sobre diplomacia, ela criticou Obama por ter ora aventado se reunir com líderes de nações hostis, e em outros momentos ameaçado um ataque contra a Al Qaeda no Paquistão."Ele oscila entre parecer acreditar que a mediação e os encontros sem pré-condições podem resolver os problemas intratáveis do mundo e defender uma ação militar unilateral dura, sem cooperação dos nossos aliados na parte mais delicada do mundo", disse Hillary.Ela foi particularmente ácida ao comentar a disposição de Obama em se reunir com o recém-eleito presidente de Cuba, Raúl Castro."Não podemos simplesmente legitimar regimes párias ou enfraquecer o prestígio americano ao aceitar impulsivamente reuniões presidenciais sem pré-condições. Pode soar bom, mas não atende ao teste do mundo real na política externa".Segundo Hillary, os americanos já se arriscaram e se frustraram com George W. Bush ( Hillary nega que esteja pensando em desistir da disputa com Obama)."Vimos o trágico resultado de ter um presidente que nunca havia tido experiência nem sabedoria para administrar nossa política externa e salvaguardar nossa segurança nacional. Não podemos permitir que isso volte a acontecer".A candidata se disse "testada e pronta" para dirigir o país em meio a desafios mundiais como as guerras do Iraque e Afeganistão, a proliferação nuclear, a Aids e a pobreza.Durante a visita feita a operários de uma fábrica de Ohio, Obama disse que a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio deveria ter regras contra o trabalho infantil e a devastação ambiental, criando oportunidades para que países pobres vendam seus produtos aos ricos."Quando pensamos na Rodada Doha de acordos comerciais, por exemplo, acho que é perfeitamente adequado dizermos que os países paupérrimos deveriam poder exportar para os países mais ricos numa base que lhes permita elevar seu padrão de vida", declarou. "Temos de ter alguns padrões mínimos, e temos de ter fiscalização em coisas como parâmetros de segurança".Obama disse que ignorar os efeitos negativos dos acordos trabalhistas só vai reforçar tendências protecionistas nos partidos Republicano e Democrata, e que isso por sua vez será ruim para a situação econômica. A economia, num cenário de possível recessão, se tornou o principal tema da campanha para a eleição geral de novembro nos EUA.Da Agência O Globo

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