quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Meninos do Coque se apresentam no Fórum do Recife
Desde que se apresentaram em cadeia nacional de televisão, através do programa Domingão do Faustão, os integrantes da Orquestra Criança Cidadã Meninos do Coque passaram a sentir de forma mais perceptível o peso da responsabilidade que carregam em seus violinos, violas e violoncelos. “Daqui pra frente vão exigir muito mais de nós na hora de tocar. Não seremos mais os meninos bonitinhos do Coque, e sim uma orquestra decente”, disse Bianca de Cássio, 12 anos, uma das integrantes do grupo, referindo-se ao que viu e sentiu após a aparição na TV.
É, portanto, com essa responsabilidade que aqueles meninos e meninas, sob a regência do maestro Cussy de Almeida – também fundador do Movimento Armorial – se apresentarão no Fórum do Recife, quase no terreiro de suas casas, nesta quarta-feira (5), para servidores, magistrados, advogados e jurisdicionados. A Orquestra - fruto de um trabalho social nascido entre as densas paredes do Palácio da Justiça, pela iniciativa do desembargador Nildo Nery e do juiz João Targino - abrirá, às 12h30, a programação cultural preparada pela Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP).
A apresentação dos meninos será no Roll Monumental do Fórum Rodolfo Aureliano. No mesmo espaço acontecerá uma “Peleja do Frevo com o Forró”, com as participações da Orquestra Popular do Recife, de Maciel Salu e Banda, e do Balé Popular do Recife. Na seqüência, às 14h, será apresentada a comédia teatral “A Carta de Morfeu” e, por fim, a palestra de Ariano Suassuna.
O evento, coordenado pela equipe da Gerência de Bem-Estar da SGP, marca o Dia Nacional da Cultura e, ainda que tardiamente, se propõe registrar a passagem do Dia do Servidor - 28 de outubro.
Segundo ano
A Orquestra Criança Cidadã Meninos do Coque comemorou, em agosto, o seu segundo aniversário. Três recitais em homenagem ao compositor Vivaldi marcaram as comemorações. Dois deles foram realizados nas Igrejas Madre de Deus, no bairro do Recife, e da Sé, em Olinda. O outro no Teatro de Santa Isabel.
Uma história de persistência e superação, que bem caberia num livro, é como poderia se definir a trajetória percorrida, nesses dois anos, pelos cerca de 100 crianças e adolescentes que integram a Orquestra Criança Cidadã. Fazendo caminho diverso do que em regra fazem os músicos consagrados, eles não vieram de conservatório. Mal sabiam ler e escrever. Desconheciam regras básicas de higiene e comportamento social.
As dificuldades a serem superadas foram e ainda são muitas. Por isso mesmo já são vistos como vitoriosos pelas pessoas que já tiveram oportunidade de os assistir. Frutos de uma comunidade marcada pelo estigma da violência e cercada pelo preconceito, os garotos são alunos da escola da vida. De uma vida, diga-se, que não lhes apontam muitas oportunidades.
Talvez aí resida a explicação para o tamanho da garra com que se agarram à oportunidade única propiciada pelo projeto desenvolvido pela Associação Beneficente Criança Cidadã (ABCC). Projeto que, aliás, sempre contou com o apoio do Tribunal de Justiça de Pernambuco.
Os Meninos do Coque que, em Brasília, fizeram o presidente Lula chorar e, na TV, emocionaram o país, hoje são um exemplo nacional. Estão aí para dizer que talento não é exclusividade dessa ou daquela classe social.
Vale a pena uma fugidinha do trabalho para dar uma espiada nessa turma, neste Dia Nacional da Cultura, 5 de novembro.
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