terça-feira, 23 de março de 2010
PE é o primeiro estado a recuperar prédios-caixão
Cerca de seis mil famílias da Região Metropolitana do Recife terão de volta a segurança e o conforto de suas casas. Foi com essa garantia que o governador Eduardo Campos assinou nesta segunda-feira (22/03), o Termo de Cooperação Técnica para a recuperação de 340 prédios-caixão já interditados ou que apresentam alto risco de desabamento. Pernambuco é primeiro estado a organizar um grande projeto de recuperação dos prédios de alvenaria resistente e o investimento será de R$ 370,6 milhões.
A verba é fruto da ação articulada entre a Secretaria Estadual das Cidades, a União e os cincos municípios envolvidos - Camaragibe, Olinda, Paulista, Jaboatão dos Guararapes e Recife. Dos recursos, R$ 297,2 milhões são do Governo Federal, R$ 32 milhões do Estado, R$ 37,9 milhões dos municípios envolvidos e R$ 3,5 milhões da Caixa Econômica Federal (CEF).
O montante estará disponível no Fundo de Desenvolvimento Social (FDS), operacionalizado pela CEF.Caberá ao Estado fazer os laudos, contratar os projetos e executar as obras. Para Eduardo, esse é um passo concreto que põe fim ao “ciclo vicioso” de dispersão e inicia um “ciclo virtuoso” para “ir junto do problema e resolvê-lo”. “Nós fizemos os laudos e vimos pelos relatos os 340 prédios estão em situação mais grave ou altíssima. Outras 35 mil habitações estão em situação de risco alto, médio e baixo. Temos cinco projetos-piloto que já começaram as obras e outros vão começar a medida que os projetos de engenharia fiquem prontos. Foram 20 milhões investidos só nessa primeira etapa”.
O governador também lembrou que entre os anos de 1994 e 2002, vários desabamentos de prédios-caixão vitimaram mais de uma dezena de pernambucanos e que tragédias como estas não devem mais acontecer: “É em nome dessas vítimas que estamos aqui reunidos. Para que outras pessoas não chorem a perda dos seus familiares”, disse.
Atualmente, existem 127 unidades habitacionais interditadas no Recife, 54 em Olinda, 28 em Jaboatão dos Guararapes e outras 15 em Paulista. Outros 215 prédios apresentam alto risco de desabamento. Os reparos devem começar por Olinda e as famílias que precisarem ser desalojadas para as reformas receberão um auxílio-moradia no valor de R$ 500,00. “É um problema metropolitano, econômico, social e político. É um resultado de um terremoto sem os abalos sísmicos”, discursou o prefeito do Recife, João da Costa, representando os demais gestores municipais.
“O nosso prazo é de curto prazo, ainda mais por estarmos no ano de eleição, onde temos uma série de limitações para o repasse de verba federal. Nossa determinação é que as famílias tenham as suas de casas de volta o mais rápido possível”, garantiu o secretário das Cidades, Humberto Costa, lembrando ainda dos demais custos com a infraestrutura, como saneamento. Entre 1992 e 2004, ocorreram 12 acidentes em edificações de alvenaria resistente, sendo cinco deles com desabamento total e deixando o saldo negativo de 12 vítimas fatais.
Os laudos técnicos do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep) apontaram razões diversas, como: falhas de projeto, degradação dos blocos cerâmicos ou de concreto, erros construtivos, mau uso dos materiais e materiais de qualidade questionável. “Esse é um gravíssimo problema social da nossa região, uma calamidade pública. Estamos no caminho certo de encontrar as soluções alternativas para esse empreendimento”, disse o superintendente regional da CEF, Pedro Santiago.
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