terça-feira, 23 de junho de 2009

CTQ-HR alerta a população neste São João

Com a proximidade do São João, o Centro de Tratamento de Queimados do Hospital da Restauração (CTQ-HR) reforça a importância da prevenção para evitar acidentes que tanto podem deixar sequelas para o resto da vida quanto tirar a vida de uma pessoa. Por ano, o CTQ-HR atende a uma média de 3 mil pacientes, sendo as crianças responsáveis por 62% deste total. Incidentes com fogos e fogueiras somam cerca de 200 casos, sendo até 100 somente durante os festejos juninos.

Segundo o chefe do CTQ-HR, Marcos Barretto, a falta de noção do perigo, o fácil acesso a fogos de artifício e o uso de combustível para acender a fogueira são os principais fatores de risco. “Em primeiro lugar, não existem fogos inocentes. Tanto a estrelinha, que atinge altas temperaturas, chegando a 300 graus, podendo causar sérias queimaduras quando em contato com a pele, quanto o traque de massa, que se bater no olho, pode provocar úlcera de córnea e um futuro dano ocular. Então os pais tem de estar conscientes dos perigos aos quais estão expondo seus filhos quando lhes dão fogos para brincar”, explica Marcos Barretto.

O ideal, de acordo com o chefe do CTQ-HR, é não deixar as crianças manipularem os fogos, mas em caso de permissão, um adulto deve estar por perto, pois todo cuidado é pouco. “Em caso de rojões, vulcões e fogos de maior porte, é imprescindível ler as instruções de uso. É muito comum chegar pacientes no hospital com mutilação de dedos, mãos, órgãos genitais e lesões faciais devido aos fragmentos, porque manusearam a bomba de forma errada”, ressalta Barreto, salientando que não se deve soltar fogos após ter ingerido bebida alcoólica, pois isso altera a percepção de tempo e o reflexo da pessoa.

A tradição de acender a fogueira também pode representar perigo se não forem tomadas as medidas necessárias. Não se deve, por exemplo, acendê-la com álcool. “O ideal é usar uma bucha embebida em óleo diesel, dentro de uma lata, deixando um pavio para fora. Isso irá funcionar como uma lamparina”, ensina Barretto. A “lamparina” deve ser colocada no meio da fogueira, para evitar que a madeira da base queime e a desmorone, caindo em cima de alguém. “No caso da fogueira já baixa, por mais divertido que possa parecer, evite pular por cima dela. Quando isso acontece, os ferimentos são graves, pois a pessoa não consegue se equilibrar para se levantar, o que agrava as queimaduras”.

Se o acendimento da fogueira merece atenção, apagá-la também requer cuidados. “Ao terminar a festa, jogue água e areia nela. Se não, a brasa ficará consumindo durante a noite e, ao amanhecer o dia, vai aparentar que está apagada. As crianças são as maiores vítimas nesse caso, pois ao acordar, vão brincar com pedaços de carvão ou procurar por fogos não estourados e acabam pisando na brasa e caindo sobre elas”, reforça Barretto. “Como a exposição das pessoas aos fogos é grande e fácil, e a venda é oficial, podemos apenas orientá-los da melhor forma para que não venham a sofrer depois”.

Mesmo assim, em caso de acidentes, a primeira orientação é não passar nada no local, como manteiga, pasta de dente, fumo de cachimbo. Tudo isso só irá agravar a lesão. Em casos mais leves, o ideal é deixar a parte queimada sob água corrente por 20 minutos e, em seguida, envolvê-la em um pano úmido e limpo para aliviar a dor e, em seguida, se dirigir à unidade de saúde mais próxima, que fará o encaminhamento necessário. Nos casos mais graves, o paciente deve ser conduzido de imediato ao CTQ-HR – que possui 40 leitos, o que o torna o maior do Brasil.

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