Anualmente, dois eventos atraem pessoas de inúmeros lugares para Pernambuco, todos os anos - o desfile do Galo da Madrugada e o espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém. Ambos se tornaram Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado, em fevereiro passado. Mesmo ocorrendo em meses distintos e abordando temas historicamente antagônicos - o profano e o religioso -, as manifestações têm uma característica comum: arrastam multidões. Baseado nisso, o deputado Alberto Feitosa (PR) propôs a homenagem por meio dos Projetos de Lei n° 928/09 e n° 816/08 , que originaram as Leis Estaduais n° 13.726 e n° 13.712, respectivamente.
O parlamentar explicou que o artigo n° 216 da Constituição Federal de 1988 define como patrimônio cultural brasileiro os bens que fazem referência à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. Dessa forma, justificou o republicano, a amplitude da definição constitucional deixa a possibilidade de salvaguardar as motivações históricas e culturais que levam os grupos sociais a agir em prol da valorização e promoção dos bens patrimoniais que lhes são caros e sobressaem como signos representativos de fatos, personagens, lugares, saberes, técnicas e artefatos.
"É por meio deste preceito legal que vejo na obra de Plínio Pacheco (gaúcho, idealizador do conjunto arquitetônico de Nova Jerusalém) um conjunto de bens, material e imaterial. Plínio, a partir de 1956, transformou a pequena vila de Fazenda Nova, distrito do município de Brejo da Madre de Deus. Havia a participação de camponeses, de pequenos comerciantes e também de alguns atores e técnicos que atuavam nos teatros do Recife", lembrou. Para Feitosa, a homenagem é justa porque "a réplica de Jerusalém localizada em pleno coração do Agreste pernambucano é patrimônio do povo".
Sobre o Galo da Madrugada, o deputado ressaltou a grandeza pública da agremiação pernambucana. "O Galo é considerado pela sociedade brasileira, em especial a recifense, como uma das maiores festas do Reinado de Momo, por isso apresentei a proposta". Segundo o integrante do Partido Republicano, somente o contexto histórico da agremiação já daria ao bloco o Título de Patrimônio, referindo-se ao trecho da Constituição que cita a memória de grupos sociais.
"A ideia de formar um bloco e colocá-lo na rua, durante o Carnaval, surgiu devido ao predomínio, na época, dos bailes carnavalescos nos clubes da cidade. Para mudar essa situação e voltar aos antigos e animados carnavais de rua, um grupo de amigos se reuniu, em dezembro de 1977, na casa do empresário Enéas Freire, e planejou criar o Clube de Máscaras.
O Galo da Madrugada foi assim batizado porque deveria sair no sábado de Carnaval, bem cedinho, antes mesmo que o comércio abrisse, para arrastar os foliões", relatou. Em 1995, o Galo da Madrugada foi considerado o maior bloco carnavalesco do planeta, conforme o Guiness Book, livro dos recordes.
Para a presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Luciana Azevedo, o Galo da Madrugada e a Paixão de Cristo são "celebrações que representam a imensa nação cultural que é Pernambuco". "O Galo é o ícone carnavalesco do Estado ea Paixão de Cristo é a referência religiosa do nosso povo", opinou, acrescentando que "o debate realizado na Alepe sobre os patrimônios pernambucanos é de extrema importância e está em sintonia com o momento de dinamização cultural vivenciado pelo Estado".
No segundo semestre deste ano, ainda de acordo com Luciana, a Fundarpe deverá enviar à Alepe o projeto que institui a Lei da Política Pública Estadual de Cultura.
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