domingo, 30 de agosto de 2009

HR realiza cirurgia para correção de mandíbula sob anestesia local

A dor é insuportável. Mas a sensação de ficar com medo de rir ou bocejar pela simples possibilidade de deslocar a mandíbula é ainda pior. É isso o que acontece com aquelas pessoas que sofrem de luxação recidivante da articulação temporomandibular (ATM) – em outras palavras, quando o queixo literalmente “cai”, e com frequência. Nesses casos, o mais recomendável, ao invés de o médico especializado apenas recolocar a mandíbula no lugar, é submeter o paciente a uma cirurgia para garantir, definitivamente, o bom funcionamento da ATM. A novidade é que, agora, esse procedimento já está sendo feito com anestesia local, na Emergência do Hospital da Restauração (HR), referência em Cirurgia Bucomaxilofacial, sem necessidade de internação.

A ATM é o único osso móvel da face. Localizada próximo às orelhas, permite o abrir e fechar da boca. “É uma das mais complexas articulações do corpo humano, que liga a mandíbula ao crânio. Ela se movimenta sempre que falamos, mastigamos e engolimos. Quando existe alguma disfunção nela, a pessoa pode sentir dor e até ter modificações na abertura da mandíbula”, afirma o cirurgião Bucomaxilofacial da Emergência do HR, Fernando Maciel. “No caso da luxação, ao invés de se travar a abertura da mandíbula até um certo ponto, há uma perda de contato, a boca abre completamente, o queixo cai e a recolocação só pode ser feita por um médico especializado, na Emergência”.

Essa “frouxura” da ATM pode ser genética ou adquirida através de acidentes. Quando é recidivante, tende a piorar progressivamente. “Cada vez que ocorre há mais rompimento e estiramento dos ligamentos, o que conduz a outros deslocamentos. Três episódios já são suficientes para indicar a necessidade de cirurgia”, salienta Maciel. Até o então, o procedimento era realizado no Bloco Cirúrgico, mediante internação do paciente e sob anestesia geral. Agora, é feito na própria Emergência, com anestesia local, sedação consciente e duração de 45 minutos. Logo após já pode ir para casa. “Além de diminuir os custos hospitalares, o paciente poderá se recuperar em casa, ao lado da família, o que traz benefícios psicológicos e, consequentemente, físicos”.

Segundo Maciel, o grande diferencial é a capacidade técnica da equipe na condução do procedimento, uma vez que a cirurgia é basisamente a mesma e consiste na colocação de um obstáculo na região da ATM para que o queixo não caia. “O procedimento pode ser feito por meio de uma mini placa de titânio aparafusada ou com fio de aço. Porém, trata-se de uma área onde há nervos faciais e artérias importantes, que devem ser manuseados apenas por cirurgiões experientes”. A cicatriz, explica Maciel, é discreta. “É um corte de aproximadamente 4 centímetros, rente à orelha, quase imperceptível”. No pós-operatório, o paciente precisa fica duas semanas com abertura parcial da boca, alimentando-se de líquidos e pastosos. A recuperação completa se dá em dois meses.

LUXAÇÃO DA ATM – O Serviço de Cirurgia Bucomaxilofacial da Emergência do HR recebe, em média, um caso de luxação de ATM por semana. Destes, 20% apresentam quadro reincidente. “Estamos realizamos a cirurgia com anestesia local há um ano e, neste período, dez pacientes já se submeretam ao novo procedimento. Pelo que temos constatado, esse problema independende de idade ou sexo. Pode acontecer de repente com qualquer pessoa, durante um bocejo ou até mesmo uma risada”, explica Maciel.

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